Capítulo 3
A metáfora
A metáfora caracteriza-se singularmente pelo uso de uma palavra ou de uma expressão num sentido
que não é o próprio, baseado numa relação de semelhança. O processo de construção da metáfora
requer uma comparação prévia entre entes diversos retendo o que se considera igual ou semelhante,
para originar um novo significado. Sendo assim, a metáfora é muito mais do que uma figura da língua,
é do pensamento, é cognitiva. Comparação mental ou abreviada, onde prevalece a relação de
semelhança.
Não tão óbvia como a comparação mas não sendo uma coisa diferente, a simples metáfora confunde-se
já com a maneira de falar de cada um. Usada quase sem querer numa tentativa de escapar ao óbvio,
deixa à mulher o papel de adivinhar e interpretar o piropo.
26. Ainda dizem que as flores não andam.
27. Ó filha, com um cuzinho desses deves cagar bombons.
28. Ó filha, levavas aí com o martelo pneumático que fazíamos o túnel do Marquês num instante.
29. Que bela anilha que tu tens, deixa lá enroscar o meu parafuso.
30. Só custa a cabeça que o resto é pescoço.
31. Que rica sardinha para o meu gatinho.
32. Anda cá a cima afagar-me a cobra zarolha.
33. Ó filha, o teu pai devia ter a régua torta para te fazer com curvas assim.
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